Na queda de braço entre Zema e ALMG, venda da Cemig entra na pauta

O protagonismo do parlamento mineiro vem se ampliando na mesma proporção em que a governabilidade de Zema entra num grande vácuo político

  • por em 2 de outubro de 2019 | atualizado: 13/02/2020 - 12:19

(Foto: reprodução/Twitter)

João Carlos Firpe Penna
joaocarlos@interessedeminas.com.br

Em recente entrevista à imprensa, o assessor Especial da Secretaria da Fazenda do governo Zema, Vitor Cezarini, não só defendeu a privatização da Cemig como passaporte de entrada de Minas Gerais no chamado Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal, como previu que a medida será aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Pelo andar da carruagem, o cenário que se desenha não caminha como o governo de Minas diz acreditar. Ao se analisar a relação de poder entre o Legislativo e o Executivo nos primeiros nove meses do ano – e da inédita gestão de Zema e do partido Novo em Minas –, uma percepção fica cada dia mais clara.

O protagonismo do parlamento mineiro vem se ampliando na mesma proporção em que a governabilidade do governo Zema entra cada vez mais em um grande vácuo político.

São inúmeros os exemplos desses dois movimentos em direções opostas que se somam ao longo do ano. Basta conferir a pauta de ações da ALMG – da CPI de Brumadinho, à introdução da obrigatoriedade de representantes do executivo de prestar contas periódicas na Assembleia, passando pela iniciativa Sou Minas Demais, de defesa da retomada da economia mineira, dentre outras decisões do legislativo.

O próximo embate, provavelmente, se dará em torno da privatização da Cemig – e também da Copasa, da Codemig e da Gasmig. De acordo com Vitor Cezarini, as privatizações “precisam” ser aprovadas porque o estado vive um “cenário caótico”, marcado por um grande “inferno fiscal”.

Minas nas mãos de Guedes e do STF

Disse mais: se o parlamento mineiro não aprovar venda da Cemig (o que depende de consulta aos eleitores, por meio de referendo popular), o estado estará sem nenhuma opção de ação no médio prazo e ficará à mercê do que decidir fazer o “STF e o ministro Guedes”, alertou Vitor Cezarini, referindo-se ao futuro do estado em crescente situação de insolvência fiscal e caminhando aceleradamente para a falência.

Vale dizer: o governo de Minas não vê opções de saída para a crise econômica e institucional que tomou conta do estado e vai depender cada vez mais da boa vontade de Brasília.

Resistência dos deputados

O que fica cada vez mais claro é que há uma forte e expressiva resistência na ALMG sobre a venda da Cemig, que muitos consideram um importante instrumento de apoio à economia do estado. Não será simples, e nem fácil, convencer os deputados do contrário.

Por ironia, a privatização da Cemig, defendida pelos liberais que veem na iniciativa privada a solução para todos os males, pode jogar a empresa nas mãos de outras estatais – chinesas ou francesas, por exemplo, que têm histórico de adquirir controles acionários no setor, inclusive no Brasil.

De sobra, Cezarini elencou diversas “vantagens” em relação à venda da estatal – todas de interesse dos investidores de mercado e potenciais compradores da empresa. E nenhuma favorável a quem vai, literalmente, pagar a conta: os consumidores mineiros.

Ele listou algumas destas vantagens: mais eficiência da empresa, menos perda de energia, mais investimentos e maior retorno econômico, entre outras.

Sobre a possibilidade de elevação do preço da energia, como de fato aconteceu em vários estados onde ocorreu a privatização no setor, ele diz: quem define isso é a Aneel, responsável por regular o mercado.

A verdade é que ninguém acredita que as tarifas de energia vão cair com a privatização.

Qualquer cidadão mais atento sabe que as agências reguladoras no Brasil têm agido, nos últimos anos, muito mais com “agentes” de defesa da iniciativa privada e, quase nunca, como reguladoras efetivas dos segmentos que deveriam controlar.

Dois exemplos recentes: Quem não se lembra do governo Temer, por exemplo, liberando a cobrança de malas no setor de aviação, sob o argumento de que, assim, “as tarifas áreas iriam cair de preço”; no campo da saúde, os aumentos concedidos aos planos de saúde são sempre acima da inflação. Nos dois casos, quem paga a conta é o consumidor.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Veni Vidi Vici

Há toda uma mentira para, mais uma vez, ludibriar o cidadão mineiro.
Minas não tem que ficar nas “mãos do STF” e muito menos nas “mãos sujas de Guedes”, afinal de contas, eles não são proprietários dos recursos de Minas.
Não há necessidade nenhuma de venda da Cemig, pelo contrário.
A venda da Cemig, não só provocará a perda de um patrimônio mineiro de grande relevância econômica, social e de desenvolvimento, como também trará aos mineiros uma série de percalços e dificuldades. E há um interesse grandioso externo para destruir o nosso patrimônio nacional.
Paulo Guedes não quer desenvolver o Brasil.
Ele quer DESTRUIR O BRASIL.
Quer destruir o povo, destruir as instituições brasileiras, com a desculpa esfarrapada e psicótica de “arrumar a casa”. Um patife, um biltre!
Ele passa. O Brasil fica!
É hora dos mineiros movimentarem e impedirem mais esse escândalo!
Já basta o que aconteceu no escândalo Boeing/Embraer.
Quanto ao Romeu Zema, ele ainda é governador de Minas?

Ivam Henriques

Quem quase destruiu o Brasil foi a gestão PT meu caro. Cemig é um cabide de empregos, cercada por corruptos por todos os lados. Tudo o que citou em cima encaixa perfeitamente na gestão Lula, Dilma e o que está sendo feito agora é exatamente para reconstruir o fenômeno da corrupção petista.

Artur

Uma pena que o autor do texto é só mais um esquerdinha que não enxerga dois palmos a frente.
Bons tempos em que existia a Telemig e que se demorava anos pra comprar uma linha telefônica. A galera preferia comprar uma linha do que um carro, porque a linha era um investimento.
O autor lembra muito bem dessa época, mas prefere continuar falando bobagem.

Veni Vidi Vici

Pois é.
E você não enxerga 0.25 palmo…
Vai lá nos Procons imbecil e procura saber quem são as campeãs em reclamação…

Artur

Aham, e se fosse estatal não teria nem onde reclamar. Mas pensar não é uma coisa que você tá acostumado, né?

JOSE HILTON SANTOS

Parabéns Veni, na melhor das hipóteses Minas pede independência, se torna um país rico e próspero e Brasília vai se arrepender!!!

angelo

tem que vender mesmo parabens ..governo nao tem que administrar empresa nao

Veni Vidi Vici

Não tem argumentos suficientes, não sabe nem o que se passa, é um alienado, um jumento!

ocampi

Quem seria a concorrente a Cemig após a venda da mesma ?

João Paulo A. Costa

Parabéns pela matéria….o governo Zema na conseguira avançar com essas privatizações! Se passar o preju só vai ficar com a população, além do dinheiro da venda não resolver em nada a situação do estado. Trata-se de pura ideologia desse partido lixo chamado Novo.

Aiai Oioi

privatiza a cemig….apoio, pois o estado acaba com essa teta de politicagem, que acontece desde que essa empresa foi fundada, funcionarios indicados, ganhando muito e produzindo pouco !!!
nao é justo, privatiza, acaba com essa farra e traz capital externo para investimento, alem disso o Estado deixa de gastar bilhoes ao ano com investimento nessa estatal que, por ser estatal, sempre a chance de ser roubada !!!!
estao, o melhor mesmo é privatizar !!!!

Veni Vidi Vici

Não sabe argumentar, não entra pra discussão…

Sebastiao Nogueira

Atenção: detectado mais um com dor de cotovelo!! O fulano que escreveu o texto está com saudades do governo petista. Aquele que quebrou o Estado de Minas e não pagou o 13. Aquele que parcelou o salário dos servidores. Aquele que está sendo julgado e condenado. #ROMEUZEMA parabéns pelo trabalho. Parabéns pelo desempenho.

Veni Vidi Vici

Desempenho…
O sujeito que se diz “governador” do estado, tem a coragem de meter a cara diante das câmeras e bradar em alto em bom som não saber mais o que fazer…
Imagina… E diz que estudou em Harvard… kkkkkkkkkkkkkkkk

LUIZ CESAR COUTINHO

A Cemig tem que ser privatizada sim. Outra, a nível nacional que tem que ser privativada, já deveria ser há muito tempo são os Correios.