Da redação
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Pelo menos 136 municípios mineiros já decretaram situação de emergência em razão da falta de chuvas. O problema atinge uma população estimada de 518 mil pessoas e se concentra, principalmente, nas regiões Norte, Jequitinhonha e Mucuri. O balanço é da Defesa Civil estadual.
É um cenário preocupante pois o período considerado seco só começa oficialmente em 1º de agosto e vai até o fim de outubro. Nas cidades mais afetadas, o desabastecimento já compromete a saúde da população e, para piorar, destrói plantações em locais onde a agricultura é a única fonte de subsistência para as famílias.
Em Francisco Sá, no Norte de Minas, a prefeitura afirma que os prejuízos vêm se acumulando desde 2012. O município que, no passado, já foi considerado uma das maiores bacias leiteiras da região, calcula que 90% das lavouras e pastagens já foram perdidas.
“O rebanho sofreu perdas pela falta de alimentos e grande parte foi vendida. A área urbana vem sofrendo desde 2015 com racionamento de água. A barragem do rio São Domingos, que abastece a cidade, atingiu o nível “morto” nos anos de 2015, 2016 e 2017. O abastecimento está sendo completado com água de poços artesianos, que é muito calcária e chamada pela população de ‘água salgada’”, informou a prefeitura, por nota.
A Prefeitura também garante que, em quase oito anos de estiagem, a agricultura local teve um prejuízo de R$ 2,6 milhões, segundo relatório agroclimático da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG).
A abrangência do problema é ainda maior e não se concentra apenas em áreas rurais. O racionamento de água já é uma realidade em regiões urbanas de outros municípios do norte mineiro: Taiobeiras, Divisa Alegre, Cristália, Capitão Enéas e Águas Vermelhas.
De acordo com a Copasa, o rodízio é “medida emergencial” encontrada para que essas localidades não sofram desabastecimento. A companhia informou, ainda, que orienta moradores “como forma de conscientizá-los nos períodos de estiagem”.
Uso inadequado do solo ajuda a potencializar seca
A falta de consciência ambiental no uso do solo e da água também potencializam o problema da seca. Quem afirma é a doutora em Ciências Florestais e professora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Maria das Dores Magalhães Veloso.
Ela explica que em cada ecossistema há um funcionamento harmonioso entre as plantas naturais. “No entanto, quando se cria uma monocultura, onde há uma grande demanda para todas as plantações, você causa um desequilíbrio. É essencial que se criem mecanismos de reabastecer o lençol freático que a cada dia diminui mais”, avalia.
A especialista destaca, ainda, que a impermeabilização do solo, com o crescimento das áreas urbanas, torna a situação mais crítica. “O esforço que a chuva faz para penetrar o chão é cada vez maior. O norte de Minas já tem o solo pobre e com essas transformações urbanas, piora tudo”, conclui.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
A região de Teófilo Otoni tem chovido mais do que a região considerada aquífera: zona da mata e sul e MG; falo isso porque, de fato, conheço a região mencionada e sei que, graças a DEUS, não nos tem faltado água. Apenas a título de esclarecimento, já que alguns jornalistas parecem não conhecer geografia, Taiobeiras, por exemplo, fica no norte; neste caso, isto é, o da reportagem, não há sequer menção específica a alguma cidade do Vale do Mucuri.
Então você não conhece a região, Rio Pardo MG é do lado de taiobeiras e já está sofrendo os efeitos da estiagem!
Verdade. A seca atinge em cheio, ao menos as cidades do Norte que são as que conheço. Agora, é fato que o uso do solo, a monocultura, o desmatamento são os grandes responsáveis pelas secas constantes na região. Observem-se que desde Francisco Sá até São João do Paraíso – este último com pelo menos 8% do território coberto por eucalipto ou terra já degradada decorrente do eucalipto – a situação se complica a cada ano. Mas pior, é que a falta de consciência ambiental, de orientações, a falta de recursos/empregos etc. contribuem ainda mais para o desmatamento e reflorestamento. Somado a isso, ainda existe a falta de consciência para uso e reuso da água. Taiobeiras, não sei como vive, pois não tem barragem própria suficiente para manter abastecida a cidade e todos os anos dependem de São João do Paraíso, assim como Ninheira e até cidades da BA. Triste tudo isso.