Da redação
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Dez por cento dos cerca de R$ 30 bilhões que entram no mercado com a liberação de saques no FGTS pelo governo federal vão contribuir para estimular o consumo em Minas Gerais e aquecer a economia do estado. A estimativa é do Conselho Regional de Economia (Corecon-MG).
A autorização para saques de até 35% do FGTS pelos trabalhadores será anunciada ainda hoje pelo Ministério da Economia. Com a medida, a estimativa é de que R$ 30 bilhões serão colocados em circulação e ajudem o país e sair da estagnação econômica. Os trabalhadores mineiros vão poder sacar cerca de R$ 3 bilhões.
Duas propostas são ventiladas para liberação dos recursos. A primeira, autoriza saques em contas ativas e inativas, sempre na data de aniversário do beneficiário. A segunda, libera retirada somente de contas inativas e uma única vez, como aconteceu durante o governo do ex-presidente Michel Temer.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais – Corecon-MG, Paulo Bretas, a estratégia do governo visa incentivar o consumo e, desta forma estimular a produção e aquecer a economia.
Paulo Bretas adverte, no entanto, que a medida pode não ser suficiente para induzir uma retomada efetiva do crescimento econômico. Ele explica que, com a situação de alto endividamento e desemprego, a tendência é que o dinheiro colocado em circulação seja utilizado na quitação de dívidas das famílias, retornando para os bancos, e para poupança, uma vez que a incerteza das pessoas ainda é muito grande.
Outros especialistas acreditam que ainda assim a liberação dos recursos do FGTS é importante, pois, quitando as dívidas, as famílias limpam o nome e se habitam a novas compras a crédito.
É exatamente isso que precisa acontecer para que o aquecimento da economia não seja apenas um “voo de galinha”, ou seja, um crescimento pequeno e de curto prazo. Estamos em recessão desde o segundo trimestre 2014 e esse ano temos a perspectiva de um crescimento perto de zero. É preciso fazer muito mais para uma mudança real”, avalia o economista.
Interferência
O economista afirma, ainda, que o anúncio do governo federal representa um “recuo” das políticas liberais mais extremadas, já que é uma ação conduzida pelo estado para executar políticas anticíclicas. “Ou seja, é algo que há pouco tempo os ultraliberais não admitiam, na medida em que defendem a mínima interferência na economia”, explica.
Para voltar a crescer economicamente, defende Bretas, a criação de uma nova política industrial deve ser prioridade para o governo, já que o país “vem se desindustrializando a cada mês”.
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“Precisamos recuperar a capacidade do governo de fazer gastos qualificados, retomar obras paradas, principalmente na construção civil, com melhoria da infraestrutura, e com parcerias público-privadas, com investimentos em portos e estradas”, explica.
Sem essas medidas, reforça o economista, o país permanecerá paralisado. “Até porque o empresário faz contas, analisa a taxa de retorno dos investimentos e só vai tomar a decisão se houver um mercado consumidor duradouro e não de curto prazo. Num momento que estamos extinguindo a própria classe média, qual a perspectiva dos donos de empresas? Eles irão vender para quem?”, questiona.
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