Raul Mariano
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Bastaram cinco meses do novo governo federal para que as expectativas de recuperação econômica no setor do comércio, criadas antes das eleições, começassem a cair em Minas.
Os índices de confiança dos empresários do setor em Minas tiveram a primeira queda desde agosto do ano passado, segundo medição feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Economistas já preveem também redução do PIB do estado no primeiro trimestre.
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As dificuldades de articulação entre o Planalto e o Congresso têm tornado a aprovação das chamadas pautas reformistas mais demorada do que o esperado. E isso tem alterado os humores do mercado.
O resultado é a cautela da classe empresarial, que tem prorrogado investimentos diante de um cenário de incertezas. Desencorajados, indústria e comércio seguem empacados à espera de sinais mais robustos de aquecimento econômico.
“Nos últimos meses, temos observado dados oficiais mostrando desempenhos aquém do esperado. A indústria vem registrando perdas, sobretudo por causa de Brumadinho, e isso vem puxando o comércio também”, afirma Guilherme Almeida, economista da Fecomércio-MG.
Para ele, a cada dia, os sinais de retomada se tornam menos evidentes para o comércio, e isso, inevitavelmente, “afeta as decisões de consumo das pessoas”. A avaliação leva em conta também os chamados motores do setor, como as datas comemorativas, que têm grande apelo comercial e, tradicionalmente, aumentam as vendas.
“Portanto, é de se esperar um resultado negativo do PIB no primeiro trimestre tanto para o Estado quanto para o país”, sentencia Almeida.
Projeções desfavoráveis
Dois indicadores que compõem o chamado Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) diminuíram cerca de 2 pontos percentuais em abril, impactando de forma geral a análise. Segundo nota divulgada pela Fecomércio-MG, “o Indicador de Expectativa do Empresário do Comércio (Ieec), que mede as perspectivas para a economia brasileira, para o comércio e para os estabelecimentos, foi de 157,4 pontos, apurados em março, para 155,4 em abril”.
Já o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (Iec), variável que considera o planejamento para o quadro de funcionários, planos de melhorias e ainda a situação dos estoques das empresas para estimar o nível de investimento desses negócios, reduziu de 103,1 para 101,1 pontos.
“É nítido: o comércio está perdendo o fôlego”, conclui Almeida.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.