O estado lidera o ranking nacional na geração de energia solar fotovoltaica
(Foto: divulgação/Solsist Energia)
Patrícia Adriely
patricia@interessedeminas.com.br
Num momento em que Minas Gerais vive um dilema em relação à diversificação econômica do estado, quando muitos especialistas põem em dúvida as vantagens de sua histórica vocação minerária, um setor tem se destacado e se mostrado promissor: o de energia solar fotovoltaica. Minas lidera o ranking nacional na geração desse tipo de energia, seguido por Rio Grande do Sul e São Paulo, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
De acordo com a associação, Minas Gerais tem 120,7 MW de potência instalada dessa matriz energética. Isso significa que, atualmente, o estado já é capaz de gerar eletricidade solar fotovoltaica para atender a cerca de 60.350 casas com quatro pessoas que consomem cerca de 240 kW por mês. Em julho de 2017, Minas Gerais tinha 19 MW de potência instalada. Ou seja, em pouco mais de um ano, houve um aumento de 531% na capacidade de geração.
Atualmente, Minas Gerais tem 120,7 MW de potência instalada para gerar energia solar fotovoltaica. Em pouco mais de um ano, houve um aumento de 531% na capacidade de produção
Um conjunto de fatores levou Minas a ser destaque no setor. Um deles é o alto índice de radiação da região, especialmente no norte do estado. Além disso, Minas já era protagonista no ramo de aquecimento solar de água. “Uma coisa puxou a outra, porque muitas empresas nessa área começaram a diversificar a atuação para a área de fotovoltaica”, explica Ivan Magela Corgozinho, mestre em Engenharia da Energia pelo Cefet-MG.
Ele destaca que o estado também teve muito investimento em projetos de pesquisa e desenvolvimento na área, realizados em universidades e laboratórios, até mesmo antes da regulamentação do mercado.
Tarifa alta de energia
O aumento do custo da energia elétrica no estado ao longo dos anos é outro motivo que impulsionou o setor. De acordo com o site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Anaeel), o valor atual da tarifa convencional da Cemig, empresa de energia elétrica responsável por 96% da área de concessão em Minas Gerais, é de R$ 0,587/KWh. Além desse valor, há a cobrança de tributos e outros elementos, tais como ICMS, PIS/PASEP e Cofins, taxa de iluminação pública e o adicional de Bandeira Tarifária. Isso faz com que o valor cobrado pelo consumo de uma casa com quatro pessoas, que gira em torno de 240 kW por mês, chegue facilmente a 210 reais.
Na contramão disso, os custos para a instalação de um sistema solar fotovoltaico diminuíram e têm incentivado os mineiros a buscarem essa alternativa energética, conforme explica Alexandre Andrade, engenheiro de energia e sócio da empresa Solsist. “Por volta de 2014, quando a gente instalava uma usina, nós tínhamos que comprar as peças ou mandar fazê-las em vários lugares, inclusive fora do Brasil. Hoje em dia, o custo já caiu significativamente, e nós já conseguimos chegar a um distribuidor e comprar um kit completo”, afirmou.
Segundo ele, o custo de um sistema fotovoltaico para gerar 400 kW pode girar em torno de 15 mil reais. O tempo de retorno do investimento, que era de 10 anos, já caiu para entre 3 e 4 anos. Ele ressalta que os bancos têm oferecido financiamentos mais atrativos para quem deseja investir nesse tipo de energia, fazendo com que o valor das parcelas seja bem próximo do valor pago todo mês em energia comum.
Miriam Penna Diniz, diretora de negócios da empresa Emap Solar, confirma o crescimento do setor: “O mercado já entendeu e reconheceu a tecnologia como uma alternativa econômica, além de sustentável, uma vez que a demanda tem crescido tão rapidamente quanto o número de novas empresas”.
Uma das pioneiras no segmento de energia renovável em Minas Gerais, Miriam atuou na montagem da Usina Solar do Mineirão, primeiro estádio solar do Brasil. Foram 6 mil módulos instalados na cobertura do estádio, com capacidade de geração de 1.800 MWh/ano, volume equivalente ao consumo médio de 1.400 casas.
Mercado em potencial
A captação solar fotovoltaica ainda representa apenas 1,26% da energia gerada no Brasil. Apesar disso, o crescimento acelerado dos últimos anos está demonstrando que o país pode se tornar uma liderança mundial na área. Essa é a análise do CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia.
“Levantamento realizado pelo Ibope Inteligência em 2018 apontou que 9 em cada 10 brasileiros quer gerar energia renovável em casa. Além disso, outras pesquisas realizadas comprovaram que a fonte solar fotovoltaica conta com amplo apoio de mais de 85% da população brasileira”, ressalta Sauaia.
No caso de Minas Gerais, o especialista Ivan também afirmou que estudos apontam previsões muito boas. “Serão até 40 bilhões de investimento na economia mineira nos próximos anos em função da energia solar até 2040”.
ENTENDA MELHOR
Quer ter energia solar em casa? Saiba como
Segundo Alexandre, qualquer pessoa pode ter energia solar fotovoltaica em casa. Quando ela decide ter um sistema desse em sua residência, ela se torna uma espécie de fornecedora de energia para a concessionária de energia elétrica, no caso de Minas Gerais, a Cemig.
O equipamento instalado passa a medir o quanto a casa gastou e gerou. Se a geração no mês for positiva, isso fica como uma espécie de crédito para ser utilizado ao longo do tempo.
Isso permite, inclusive, que uma pessoa que não tenha um espaço para a instalação em sua residência possa fazer uma parceria com alguém (algum vizinho ou familiar, por exemplo) para que esses créditos sejam transferidos, desde que as faturas estejam no mesmo CPF ou CNPJ.
Confira, no vídeo, um passo a passo para quem deseja investir num sistema de energia solar.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.