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Desindustrialização: acidentes da Vale derrubam indústria de Minas Gerais

Raul Mariano
raulmariano@interessedeminas.com.br

A perda de participação da indústria no PIB de Minas – um exemplo claro da chamada desindustrialização – tornou-se mais evidente depois do baque sofrido pela mineração, em razão direta dos desastres com as barragens da Vale, em Brumadinho, e da Samarco, que também é da Vale, em Mariana.

Os desastres de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em janeiro deste ano, foram cruciais para a desaceleração. Hoje, sem sinais de retomada no médio prazo, o setor vive a angústia da incerteza, praticamente paralisado.

Neste cenário dramático, a crise econômica se agrava e avança potencializada por um ambiente político turbulento, de incertezas e instabilidade, no qual a confiança dos investidores continua abalada e as grandes reformas continuam sendo grandes incógnitas.

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Levantamentos da Fundação João Pinheiro (FJP) comprovam a perda de peso do setor extrativo mineral no estado. Em 2010, a mineração era responsável por 5,7% de toda riqueza gerada em Minas, de acordo com dados do IBGE. Em 2016, a participação já era de apenas 2,9%.

Considerando o peso da mineração na economia mineira, o recuo impactou também outros setores da longa cadeia produtiva do setor e que inclui setores da importância da siderurgia, metalurgia e até a indústria automotiva.

De forma geral, o setor industrial encolheu no mesmo intervalo de tempo. Despencou de 33,2% de participação no PIB, em 2010, para 24,8%, seis anos depois. Nada menos que 25% de queda.

Os reflexos no emprego também foram nítidos. Em dezembro de 2018, das 33 empresas mineiras que possuíam mais de 3 mil empregados formais, somente 11 eram indústrias.

Mau desempenho                                    

No último balanço de indicadores industriais publicado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), em março, o péssimo desempenho continua em destaque. Novamente, o fiel da balança é o setor de mineração.

A queda no faturamento real acumulado em 2019 da indústria é 5,2%. O relatório aponta que, no primeiro trimestre, “o índice geral caiu 5,2%, em razão das quedas de 0,8% na Indústria de Transformação e de 49,1% na Indústria Extrativa”.

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Não para por aí. As horas trabalhadas na produção também tiveram queda, segundo o balanço. “Em relação a março de 2018, o índice geral caiu 8,0%, com recuos nas indústrias de Transformação (-5,2%) e Extrativa (-36,9%). No acumulado do ano, as quedas nas indústrias de Transformação (-2,8%) e Extrativa (-24,2%) influenciaram o recuo de 4,8% na Indústria Geral”.

A análise feita pela própria Fiemg não é nada animadora. Segundo a entidade, o desempenho da indústria mineira em 2019 permanece indefinido não apenas pelo imbróglio envolvendo a crise das mineradoras.

“A paralisação parcial no setor extrativo mineral e o adiamento da implementação de reformas estruturais importantes, como a da Previdência, contribuem para a manutenção de um cenário de incertezas, comprometendo uma retomada mais robusta da atividade industrial”, afirma a Fiemg.

Interesse de Minas

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