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A população de Barão de Cocais está vivendo uma angustiante rotina de espera e medo. Um dos mais antigos e importantes do estado, o município tem suas origens no século XVIII, nasceu exatamente da exploração minerária e chegou a ser uma das cidades mais desenvolvidas do estado por causa da renda gerada pelo minério. Hoje, Barão, como é carinhosamente chamada a cidade, viu a tranquilidade de suas ruas se transformar em dramática apreensão.
Desde oito de fevereiro, a barragem Sul Superior, da Vale, localizada na cava da mina Gongo Soco, teve o seu nível de segurança elevado para 3, o que significa risco iminente de ruptura.
A própria empresa anunciou a movimentação em um dos taludes que sustenta a estrutura da barragem distante apenas 1,5 quilômetros, cujo rompimento, que pode ocorrer a qualquer momento, afeta a estabilidade do reservatório.
O talude tinha uma previsão de rompimento para 25 de maio – o que não aconteceu até agora. A Vale informa que a situação de alerta será mantida enquanto a estabilidade do barramento não for atestada.
A situação afetou toda a rotina da cidade. Cerca de 400 moradores da Zona de Autossalvamento foram removidos e estão vivendo precariamente em moradias provisórias alugadas pela Val e – hotéis, pousadas e casa de familiares.
Além disso, a mineradora está construindo um “muro”, a 6 km da barragem, para bloquear o possível avanço da lama e para diminuir os impactos em caso de rompimento.
Diversos exercícios simulados de emergência também foram realizados em Barão de Cocais. Nas ruas, placas foram instaladas para indicar rotas de fuga e pontos de encontro da população em caso de necessidade. A Defesa Civil está em alerta e de prontidão, com uma base instalada na cidade. Todas essas medidas preventivas foram tomadas após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho.
O comércio já sente os impactos de toda esta dramática movimentação. Donos de diversos estabelecimentos relatam que as vendas caíram muito, pois, as pessoas têm medo de sair de casa. Agências bancárias e dos Correios chegaram a fechar temporariamente por causa do iminente risco.
Segundo a Vale, não há elementos técnicos para se afirmar que o eventual escorregamento deste talude desencadeará gatilho para a ruptura da barragem Sul Superior. Ainda assim, afirma que “está reforçando o nível de alerta e prontidão para o caso extremo de rompimento. A cava e a barragem são monitoradas 24h por dia”.
Esse cenário imprevisível tem causado uma situação de estresse para os moradores, que não sabem o que esperar. Alguns deles chegaram a afirmar, em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 28 de maio, que a Vale tem interesse em minerar nos territórios evacuados e, por isso, está criando esse clima de apreensão na cidade. Eles ressaltaram a necessidade de apurar as suspeitas.
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